29 de abril de 2008

A CULPA É DA HUMANIDADE (OS CÉREBROS DA DESTRUIÇÃO MASSIVA)



CAPA (TEXTO):

A degeneração das mentes prolifera… entranha-se na civilização e lentamente infecta as suas vítimas com uma mistura apodrecida de despreocupação e apatia. A total aniquilação das consciências avança sorrateira pelas sombras sem que a maioria lhe ponha os olhos em cima, e ao fundo, num horizonte de aço e fogo, tornam-se perceptíveis as gargalhadas malévolas que essas marionetas desbocadas lançam sarcasticamente ao verem os seus desejos malignos a serem cumpridos sem objecções que se oponham.

Opressores que pelo poder são possuídos, ex-humanos que pela avareza foram enfraquecidos, novos seres mecanizados ao descontrolo submetidos, criaturas que se rejubilam com a miséria dos outros, ansiando instintivamente por um fim declarado da liberdade onde pouco mais existirá para além das ruínas deixadas por esta guerra da obscura ganância humana…



CIVILIZAÇÃO CORROMPIDA

Muito há a dizer da complexa teia de criação/destruição denominada de sociedade humana onde somos forçados a coexistir, muitas palavras existem para demonstrar o escárnio e desprezo que tão consequentemente se pode ter pela entidade biológica e social que historicamente se regeu pela escravatura das mentes dos indivíduos que a ela pertencem. Mas a verdade é que poucos são os argumentos que nos permitem perceber o porquê disto tudo, quais as razões de sermos seres que parecem ter sido forjados com a mais pura essência de ódio e arbitrariedade apocalíptica por tudo o que nos rodeia? Onde habitam as justificações para as frágeis e ténues relações hierárquicas entre pessoas que parecem dar um poder intransigente de controlo àqueles que o usam simplesmente para se regurgitarem na desigualdade com toda a sua arrogância característica?

Não é preciso deambular muito por entre o espectáculo de atrocidades que se tornou a humanidade (principalmente a sua facção “modernizada” e contemporânea) para percebermos que estamos perante uma enorme lacuna prestes a entrar em colapso com tantos erros que foram sendo acumulados ao longo de um vasto período histórico, e como tal somos forçados a pensar que a evolução converge fatalmente para um cataclismo inevitável que de certa forma foi premeditado pela astúcia que o humano aparentemente tem para fechar os olhos e as consciências quando chega o momento de tomar decisões que põem em risco o planeta e a “ordem” social, por mais cuidado que se deva ter com este último termo.
E porque realmente temos de tomar precaução ao mencionar algo tão complexo como a “ordem social”, ou o que esta aparentemente simboliza, convém termos em conta o que representa o nosso papel como indivíduos nessa suposta “ordem” social, e não será com muito custo que iremos observar que esse termo limita-se a ser confundido com o da “repressão”. Ou seja, a “ordem” social que tão levianamente é mencionada pelos supostos dirigentes despóticos das comunidades humanas como sendo um objectivo primário a ser atingido não passa de um truque de ilusionismo e controlo de massas. Perante um lúcido realismo dos factos concluímos que a relação entre o indivíduo e os sistemas sociais são o de inimigo, e isto porque o simples facto de nascermos nessas (des)organizações sociais, na maioria dos casos, é por si só um acto que nos remove a liberdade que poderíamos possuir, tanto que para complementar essa remoção de liberdade seremos expostos ao longo da nossa existência a pressões contínuas para que não consigamos pensar por nós próprios, para que sejamos marionetas de uma repressão orquestrada cujo falso intuito teórico é o de haver concordância e entendimento entre as pessoas. Porém, o que se sucede longe está dessa teoria, e quando um indivíduo pretende alcançar a dependência ideológica do que será a sua interpretação de liberdade na vida de um modo prático, juntando esforços conjuntos com um ou mais grupos em livre associação para alcançar esse fim, o Estado, ou outra qualquer forma de repressão comunitária, age prontamente de modo a que esses esforços sejam obliterados, mesmo que os meios utilizados para atingir a dependência ideológica aliada a uma forma prática de acção não impliquem qualquer tipo de vínculo destrutivo para com as pessoas em geral. A menção de “ordem” não passa de um veículo para o uso injustificado da repressão, o obscurantismo é a mais letal arma que os sistemas sociais vigentes possuem de modo a que se perpetue uma desnecessária situação de desequilíbrio entre os meios de sobrevivência que nos põem à disposição. A democracia, suposta pregadora da proporção devida do bem-estar da civilização, possui um imenso arsenal que tem como objectivo provocar a cegueira dos seus elementos de modo a que estes não consigam escapar à condição de servos que têm de obedecer desde a nascença. Não nos é fornecida qualquer opção ou critério de escolha por meios pacíficos e voluntários, sem o uso da resistência e do inconformismo resta-nos a mera escravidão cega por morais que foram esquecidas na concepção de novos fins malignos e capitalistas, e é neste importante momento que nos cabe fazer a questão… o que realmente pretendemos para nós e para todos aqueles que nos rodeiam? Será que a cumplicidade conformista com a estrutura que nos aprisiona faz alguma lógica? É realmente nosso o intuito de permanecermos resignados à sociedade obsoleta dos tempos modernos?
Se todas estas questões permanecerem na irrelevância e nas sombras da despreocupação continuar-se-á a manter uma situação benéfica para os usurpadores terceiros que nos vêm como instrumentos inanimados e catalogados, é perante a estagnação de novas ideias de resistência que inquestionavelmente prosseguiremos a produzir em demasia sem levantar questões do porquê, para quem ou para quê, mantendo da mesma forma um ciclo onde nós mesmos somos o combustível deste mecanismo, por meio de uma imposição forçada a valores de consumo que vão muito para além de qualquer tipo de necessidade real. Como tal, e praticamente sem termos escolhas, somos inseridos num mundo social onde domina uma vontade alienada pelo consumismo irreflectido, uma dimensão onde tudo se tornou descartável e sem significado algum, onde se continua a observar a obediência dos impulsos causados pela necessidade desmesurada de consumir algo. E por mais óbvio que seja salientar, as grandes alimentadoras desta condição que a médio prazo se pode revelar irremediável são as empresas e indústrias que, na sua actividade e produção, não olham a meios para alcançar os fins que infelizmente são sempre os mesmos, e dos quais se citam o poder imperialista e a acumulação de capital, insistindo-se, no processo, em menosprezar e ludibriar as consequências causadas por esses fins. São nefastos os meios que a indústria usa para “zombificar” os seus súbditos ao consumismo, obrigando-os a uma exposição exagerada à propaganda que, para além de ser enganosa, provoca nos mais desprevenidos uma necessidade impensada para absorver e adquirir os produtos impingidos pelas respectivas multinacionais. E vejamos o que, em troca do dinheiro que avidamente nos extorquem e que só por si é um veneno, esses impérios da ganância nos têm a oferecer:
Poluição ambiental, exploração laboral (infantil incluída), problemas generalizados de saúde (devido à já referida poluição e ao uso de químicos nocivos nas mais variáveis vertentes industriais), destruição da camada do ozono, desequilíbrio climático, propagação do efeito de estufa, dizimação de animais e da natureza vegetal (substituída por campos de cultivo artificiais e infernos citadinos forjados maquinalmente a aço, cimento e alcatrão), tal como o recrutamento forçado dos supostos indivíduos ao “exército” da inconsciência e ignorância, que por sua vez perpetuam todos os danos prejudiciais acima referidos.

É a crescente vaga de consumo de produtos industriais por parte dos consumidores pertencentes às sociedades mais desenvolvidas (que alcançam um estado de quase, se não na sua totalidade, dependência psíquica para com esses produtos) a verdadeira motriz que incita as multinacionais a desprezarem todo o respeito que deveriam prestar para com as principais vítimas afectadas por elas, das quais se pode citar a natureza e as comunidades humanas e animais que estão dispersas pelo planeta. É a necessidade perpétua, e que tem vindo a aumentar descontroladamente, de satisfazer a voracidade consumista das elites com o intuito final de acumulação monetária que induz essas mesmas industrias a escravizar a natureza como se o humano fosse deveras o seu proprietário exclusivo, extraindo-lhe os recursos até à escassez e tendo somente em conta o lucro que essa extorsão infame poderá trazer, qualquer consequência que dai advém só é tida em conta quando o bem estar humano, e exclusivamente o do humano, é afectado.
Estamos perante a insanidade capitalista que se vai disfarçando por entre razões que ninguém realmente se dá ao trabalho de explicar de modo coeso, e é devido a isso que nos encontramos nas circunstâncias de tremenda fragilidade da civilização e do planeta, preferimos entregar o futuro nas mãos de pessoas e associações de pessoas que foram possuídas pelo desespero de adquirir o poder e pela loucura do falso aprazimento que é o domínio e o controlo infundamentado de humanos e recursos naturais…

Que não se criem ilusões, se tudo isto permanecer imutável, a longo prazo, o fim não será passível de ser evitado, e este planeta no qual habitamos e que insistimos em não partilhar com o restante ecossistema irá desaparecer, pelas mãos do próprio humano.
A luta terá de partir de nós, podemos ainda estar a tempo de acabar com o holocausto futuro, é necessária uma intervenção global de todos os indivíduos autónomos e aptos a mudarem a face desta realidade conturbada e praticamente sem solução, a nós cabe-nos encontrar as soluções onde elas praticamente não existem, procurar por entre os pântanos e as cavernas da total escuridão social, para com esforço encontrar as raras brechas de esperança que poderão permitir a alteração primordial das consciências, matriz necessária para que se despolete a essencial mudança do modo como interagimos com o resto do planeta.
Esta luta terá de ser despertada pela tentativa de alcançar a liberdade, que em termos humanos e práticos significa que temos de ser nós a produzir as necessidades essenciais para a nossa sobrevivência tanto quanto possível, e isto porque a sociedade na qual habitamos, lá por força desde nascença, representa tão só uma praga que já se alastrou de tal modo que um contacto constante com ela induziria à sua proliferação, pelo que a solução, ou parte dela, poderá passar pela criação de micro comunidades autónomas que consigam adquirir distância e independência ideológica dessa mesma sociedade acima referida. Ou seja, a evolução está no isolamento parcial e no abandono das morais, normas e dogmas que são inerentes à (des)organização do sistema corrupto que já não é passível de se alterar. É deste modo que nos soltamos das correntes do consumo e conseguimos ser auto-suficientes e capazes de reger a vida na abstenção plena da influência degenerativa das indústrias multinacionais, cuja função é corroer a autonomia que possuímos, lobotomizando-nos pela sua necessidade avarenta e canibal de adquirir poder e de ter a seus pés uma elite escravizada pelo consumo exasperado que é em grande parte efectuado pelos subjugados, fracos e incapazes de serem independentes e conscientes, e tudo isto a um nível mental, obviamente. Da mesma forma convém sempre relembrar que nos dias de hoje está incutido a ferro e fogo a cultura do descartável e do desperdício, logo os restos mais que aproveitáveis, que por alguma razão obscura e incompreensível são atirados ao esquecimento pelas numerosas identidades que fazem vénias ao esbanjamento de bens essenciais tais como os alimentos, são sempre passíveis de reciclar e reutilizar, o que implica que esta seja uma das várias técnicas que poderão ser usadas numa situação em que nos afastamos da cumplicidade directa do ciclo de destruição e letargia vigente. Temos que ter sempre presente nas nossas consciências que as pequenas acções se podem tornar em grandes acções, mesmo que só para nós próprios, e sendo assim nenhum acto, por mais insignificante que pareça, é minimamente desprezível quando se fala na tentativa de alcançar a autonomia, o que por si só simboliza a descrença nos valores inerentes ao apodrecimento social da civilização humana, sendo este portanto um aspecto crucial para nos considerarmos donos absolutos de nós próprios.

E para complementar esta ideia convém referir que a autonomia também passa pela capacidade que deveremos adquirir para acreditar nas várias formas de mudança, ou de revolução, sem o apoio de grupos ou facções idealísticas restritivas, sendo que a devoção de algo absoluto, um grupo ou ideal fixo nos seus dogmas, é o maior inibidor da liberdade que poderemos impor a nós próprios como indivíduos. A essência da liberdade passa pela crença das nossas convicções, evitando ao máximo os aglomerados que têm como mero objectivo a inclusão de sentimentos de pertença, que inevitavelmente enfraquecem e removem a força autónoma dos seus elementos, e que muitas das vezes provam somente o quão descartáveis as convicções das pessoas realmente podem ser. Considera-se como sendo autonomia o “poder” individual das ideias pessoais, não lhe atribuindo qualquer tipo de significação categórica, vulgo nome, porque esse só induz à limitação das crenças revolucionárias que poderemos ter e, eventualmente, partilhar. O estereótipo é assim excluído, o que possibilita uma maior abrangência de soluções por parte daquilo em que acreditamos, sem confrontos desnecessários derivantes do facciosismo que têm como origem a atribuição de um conceito a um conjunto de ideias, e que sem dúvida alguma prejudicam as acções que englobam a resistência libertária. Para além disto, necessitamos de adquirir a consciência de que a nossa natureza humana é a única fonte de liberdade num plano racional. Como tal, é crucial irmos contra as regras e morais já estipuladas pela fraqueza metafísica de um deus, lutarmos pelo ideal de sermos autónomos na ausência dessa falsa entidade, e não nos deixarmos enfeitiçar pelas mentiras e hipocrisias de instituições como a igreja, seja de que religião for.

É eminente o perigo da evolução e do progresso que, devido ao crescimento exponencial e descontrolado da população humana (permitido essencialmente pela robotização do quotidiano e da vida), insere-nos num plano em que teremos que suplantar a realidade mecanicista e apática de tal modo que consigamos encontrar a verdadeira revolução, que não é o progresso industrial, mas sim a tomada de consciência, por parte dos indivíduos, das consequências provocadas por esse mesmo progresso industrial. E isto porque o derradeiro perigo do uso de recursos na sociedade humana é tão só a sua industrialização desmesurada, que conduz ao rápido desaparecimento de toda a matéria-prima que é roubada aos solos deste frágil planeta. Estamos perante uma produção que vai direccionada para o descontrolo do uso abusivo dos recursos planetários, e como tal, a defesa da natureza é tão ou mais importante quando comparada com a reivindicação social das comunidades humanas, aliás, uma depende da outra, e vice-versa, logo é de absoluta urgência o desenvolvimento e propagação de uma linha de pensamentos que se enraíze na concepção de ideias que posteriormente levem à prática da contestação e da revolta, factores cruciais para que se mantenha algum tipo de equilíbrio planetário e para que ao menos as palavras da “essência” que não fala, ou seja, a natureza, se consigam exprimir para além dos cataclismos manifestados por consequência da acção imprudente das grandes corporações e da complementaridade apática das populações. A título de exemplo para demonstrar até onde vai o terror corporativo para com a natureza pode-se fazer a referência específica ao absurdo da indústria alimentar como sendo uma das principais incitadoras ao holocausto desrespeitador e imoral face à vida natural que nos rodeia. Certamente que todo o género de indústria representa uma atrocidade ao planeta, visto que consome e extrai imponderadamente a referida matéria prima, mas nenhuma assume uma posição tão directa em termos da indiferença para com o sofrimento imediato de seres vivos como a indústria alimentar (mesmo que não sendo a que mais danos provoca), já que o seu alvo desta será essencialmente a vida animal e vegetal, que são ambas “produzidas” excessivamente para satisfazer as necessidades do descontrolo e ultra consumo desnecessário da sociedade humana. Como exemplo temos a criação em cativeiro dos animais, que na sua grande maioria não chegam sequer a conhecer os solos e terrenos naturais que lhes são destinados e para os quais estão biologicamente e, poderemos até dizer, psicologicamente adaptados, sendo reduzidos ao extermínio dos campos de concentração e posterior execução massificada, onde se têm de subjugar aos maus tratos e condições impensáveis da suposta vida que possuem. Os animais são assim submetidos a uma condição de artificialidade grotesca, fabricados como mero objecto da obcecação que o humano revela pelo domínio de tudo o que é existente. Todavia, o ultraje abusivo por parte da humanidade também se reflecte na produção de matéria vegetal, veja-se, como reflexo disso, a destruição generalizada de todos os vastos campos originais da natureza, para, no seu lugar, serem replantadas zonas de cultivo, regidas por uma simetria abominante que nega o conceito de disposição originalmente aleatória, e que, como tal, nega a natureza. Porém, esse é só o prejuízo visual, porque o impacto prolonga-se até à violação de habitats inteiros, roubados às espécies que neles deveriam coexistir, dizimando assim a majestosa representação de vida e diversidade que a natureza outrora apresentava. O dano é também atribuído aos solos que são de tal modo usados para esse dito cultivo que, a longo prazo, experimentam uma exaustão que os impossibilita de produzir mais matéria vegetal. Eis outra ansiedade do humano que surge a partir da exploração do planeta terra, este, para além de construir as suas próprias fábricas altamente poluentes e nocivas (que por sua vez já necessitam de matéria prima natural), tenta também moldar a natureza à semelhança desses locais de fabrico ou produção intensiva, representando esta uma tentativa para domar o espírito da natureza por meio da mecanização que transforma tudo num aglomerado de previsibilidade. Para além destes sectores industriais, existe ainda aquele que extrai a matéria inorgânica até à sua já observada escassez, complementando assim o ciclo do absoluto desrespeito que representa a humanidade face ao local onde habita, e perante todas as evidências que nos são exaustivamente apresentadas, pergunto-me, terá esta situação de permanecer eternamente imutável, devido exclusivamente ao conformismo das maiorias?

O intuito da civilização é tornar-nos em meros autómatos cuja utilidade é a produção massificada da qual a elite exploradora poderá tirar algum proveito, é assim que eles nos querem, domesticados e entretidos com as infinitas formas de consumo que nos metem à frente dos olhos e que servem de sedativo para as consciências. As minorias da inconformidade, as que optam por abrir os olhos, são continuamente marginalizadas e oprimidas, os únicos que se importam com um futuro melhorado são alvo de exclusão e preconceito pelo facto de imporem conceitos que desmoronarão os alicerces que estagnam o presente. A imposição do sistema democrático nada trouxe que permitisse uma verdadeira mudança de consciências ao nível dos recursos naturais e dos direitos humanos e animais, a falsa liberdade prevalece, tal como a ditadura da maioria, que só beneficia os reverentes e obedientes à tirania que tenta eliminar a resistência minoritária. Porém, nunca deveremos deixar o espírito contestatário esmorecer, nem mesmo face às evidências que poderão intensificar o desânimo pela resistência, que isso seja a razão para gritar ainda mais alto de modo a que prevaleça o inconformismo para com os poderosos e despóticos que cada vez têm mais dificuldades em ocultar as novas ideias da revolução e as evidentes consequências reflectidas em todos os aspectos da sociedade e da vida generalizada. Que não sejamos nós o túmulo das últimas réstias fundamentais de esperança…

ZOMBIE BOX CONTROL

Diz-me quantas pessoas se perdem hoje em dia na procura desesperante por dimensões fictícias, estáticas no seu lugar, à frente de um ecrã hipnótico… consegues dizer-me?
A vida aleija, é verdade, as questões fazem ricochete no interior do crânio e sufocam, acredita nisso. O que fazer, o que dizer, o que… ser e sentir, ninguém o sabe realmente. A ansiedade corrói-te o cérebro e dá-te a volta às entranhas, repentinamente gritas para ti mesmo:

– “VÁ LÁ! QUERO MAIS UMA DOSE!
Onde está o sedativo que tanto preciso?”

Ligas a caixa que trás apatia ao domicílio, já não é preciso fazer nenhum esforço para existir e de imediato deixas de pensar, tão fácil, sorris ao veres vidas perfeitas e vazias, ficas com cara de imbecil face as guerras que passam em directo, calamidades sociais à distância de um click do comando, é bom para as audiências!
Chegou a altura de mudar o canal, o sofrimento dos outros povos começa-te a aborrecer, o que mais anseias agora é pelos simulacros de vidas onde tudo acontece como devia, onde todas as personagens têm quotidianos fantásticos e previsíveis, tu sentes o tédio a alastrar-se novamente, mas que se foda, a vontade de fazer alguma coisa entrou em completa dormência, já nada interessa, nem te apetece abrir os olhos, só querias era uma maneira de te espetarem esse lixo intravenosamente…

– “P’RÁ MERDA COM A SANIDADE!
Somos todos senis mesmo, o que importa?”

O que importa realmente… por que razão pensar, por que razão agir? Basta sentares-te no sofá o dia inteiro para que te projectem nos olhos as irrealidades apodrecidas na sua pseudo perfeição que todos parecem engolir como se fosse alguma coisa que realmente valesse a pena desejar-se. Ligas o botão e sentes as pressões frustrantes a dissiparem-se como se nunca sequer tivessem existido, para quê saber da existência de um mundo lá fora atrás da janela, com todas as suas complicações e preocupações, se tens esse instrumento zombificador que atira o teu cérebro para um estado de extrema letargia que já te viciou faz tempo, é assim que eles te querem, moldável e manipulado, mas nem sequer sabes da existência “deles”… deixa estar, acredita nas ilusões que te injectam directamente no cérebro por meio das imagens emitidas na tua sala, acredita na verdade que as fábulas televisivas te contam, ninguém te controla realmente, a existência de oprimidos e opressores é uma invenção de lunáticos que não arranjam outro pretexto para descarregar o seu rancor sem fundamento, sim, o Jornal das 8 disse-te isso, logo deve ser verdade, não é? Olha! As grandes corporações querem salvar o mundo apesar de serem forjadas na ganância, é tudo tão bonito, a publicidade é linda e as merdas consumistas que te impingem sem descanso têm todas elas a sua utilidade mais que necessária! Deseja-as inconsoladamente enquanto não as possuíres, anseia por elas como se a tua vida dependesse disso, é o que eles te dizem para fazeres…

A miséria dos outros dá-te tesão e eu quero é que te fodas.
Tens duas opções, acorda dessa ilusão ou vai morrer longe… e mesmo que de qualquer das formas te safes, continuarei a achar que por dentro já o estás.
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ODE AO TRIUNFO HUMANO

Invólucros vazios que pela inacção são possuídos, ex-humanos que pelo tédio foram oprimidos, novos seres mecanizados à alienação submetidos, criaturas que se rejubilam com a miséria dos outros, ansiando em apodrecida dormência por um desfecho declarado da sua própria existência numa realidade onde pouco mais restará para além das ruínas deixadas por esta guerra da obscura ganância humana…

E mesmo depois de tudo estar já reduzido ao indizível vestígio da mais que completa aniquilação das mentes do marasmo civilizacional, ainda assim me questionarei…

Existirá alguém que ainda se importa com isto?

CIDADE VENENOSA

Tentando a distância momentânea da minha mente ao sítio inundado de incompreensões e confusas interpretações onde as algemas mal se vêem mas onde porém todos se escravizam sem darem por isso...
A cidade, que sentimentos gélidos e macabros transbordam constantemente deste território imundo, sente-se a todo o momento e em cada esquina o frenesim cansativo que não acaba nunca, os labirintos de cimento e asfalto perdem-se num emaranhado complexo de mesquinhez e arrogância humana onde frenéticos andam os autómatos que assassinaram a vida. A confiança no desconhecido que seduz venenosamente tornou-se na perdição dos desatentos e as concepções do perfeito fictício bombardeiam-nos até à exaustão do nosso cérebro, viras os olhos e em qualquer lado lá está a propaganda que te conduz à loucura do consumo se não fores prudente. Amaldiçoada seja a cidade e os seus venenos que emanam das torres cinzentas de destrutiva produção febril massificada, ela alastra-se como uma praga e usa a natureza para dela fazer um festim de aço e fumos, necessita por instinto de espalhar os seus artifícios que transformam mentes nos depósitos descartáveis que habitam colossos de electricidade e agonia.

As luzes artificiais e a claridade que remove a noite tornaram-se na cegueira das máquinas que dizem ainda serem pessoas, os pensamentos corrompem-se pelo intenso movimento que não cessa e todos festejam a imagem do progresso furioso e em rejúbilo, pisando os restos das planícies e dos bosques agora em fogo e servindo de combustível. Não existe pior visão que uma chacina tornada em mecanização, o animal comum deixa de nascer e a sua vida desconsidera-se ao nível de um produto, a sua liberdade é transformada no alimento dos aglomerados que não encontram nenhuma vontade em ver saciada a ira que com a evolução trouxe um pretexto para destruir a harmonia natural dos campos e das florestas que outrora repousavam no seu sossego livre da sentença fatal que se tornou a civilização humana.
O tal progresso avança e infiltra-se no planeta lentamente… ouve-se o ranger atroz da criação maldita e o insuportável odor mecânico preenche-me as narinas parecendo querer infectar-me o cérebro com as substâncias tóxicas que pairam na atmosfera. Por todos os lados cercam-me os sinais deixados pelos cérebros da destruição massiva, são os anunciadores da voracidade insaciável de tudo o que existe em nosso redor e que à semelhança de uma tortura que vagarosamente se arrasta fazem sangrar o planeta terra com os seus desleixos sarcásticos e ímpetos de terror...

Eis a arma da total aniquilação, a cidade que contamina o humano, nada mais que isso, uma explosão fria e lenta de artificialidade, coberta por nuvens de obscurantismo que induzem os seus habitantes a acreditar que tudo terá solução mesmo não fazendo absolutamente nada para que esta surja. Os placares brilhantes e as montras onde se expõe a letargia consumista das massas são distracção suficiente para que tudo pareça estar sobre um controlo superior que nunca permitirá o colapso humano, mesmo apesar de que a verdade que ninguém alcança é que somente as mentes civis estão sobre o controlo de algo superior, pelas piores razões que se possam imaginar.

Diariamente se observa o desfile macabro de “coisas” alienadas que se afundam na sua rotina, parecem um exército monocórdico de robôs prontos a marchar para a morte dentro da vida, acessórios uniformizados pelas tendências capitalistas, ferramentas catalogadas numericamente que se iludem pensando ter a sua palavra ouvida por aqueles que os oprimem e que simultaneamente afirmam ser o messias salvador de toda a população e seus futuros descendentes mas que na verdade não passam de imperialistas que constroem o seu reinado num marasmo de hipocrisia a céu aberto.
A marcha da rotina caminha e assim se ouvem os seus paços, todos tão conformados, que lindos animais domesticados me saíram… venderam a autonomia numa loja de penhores à procura de concepções exageradas do pseudo conforto burguês que é o raquitismo mental do comum cidadão. Acreditam piamente que trabalham para um bem comum e que todos os órgãos políticos que os gerem têm um intuito benevolente de lhes proporcionarem a melhor vida possível, mesmo apesar de que estes se limitam a atirar o proletário para a trituradora social onde o capitalista citadino vê cumprido o seu desejo civilizacional de completo separatismo das classes hierárquicas. As divisões entre vidas alargam-se enquanto que a solidariedade comunitária se dissipa e todos impávidos observam ao compasso mortífero da cidade industrializada alastrando como um animal descontrolado que foi possuído pela maldição de não ver saciada a sua fome destrutiva, seja de que forma for.

O deus cibernético esconde-se por ai, aprisionando digitalmente tudo e todos sem que ninguém saiba quem realmente o controla… será o Estado? O Consumo? O Humano? O progresso torna-o ambíguo na sua compreensão e infiltra-o silenciosamente nas nossas vidas, desta forma a dependência da tecnologia transforma-nos em escravos das corporações capitalistas que nos apagam da mente o que somos por origem, porque mesmo não parecendo, nós somos mais que apêndices do aço construído nos alicerces desta evolução obscena. Chega de números e catálogos e utensílios da treta que não servem absolutamente para nada, existe outras formas de agir e pensar, porquê a dependência com a cidade em forma de pensamento e acção? Existe mais felicidade para além do consumo, e infelizmente raros são os ditos “evoluídos” que o sabem! Querem-nos fazer acreditar que tudo se desmorona não fossem as ferramentas que nos silenciam através das correntes urbanas, mas há mais para além disso, há uma dimensão palpável para além da artificialidade e dos contornos alcatroados que delimitam o presente conceito corrompido de existência… da nossa existência!

Basta olhares para além das irrealidades que te querem impingir à força… e talvez te livres de ser mais uma máquina humana contaminada pela estagnação do pensamento!

A CULPA É DA HUMANIDADE (A SEMENTE DO APOCALIPSE)



CAPA (TEXTO):

A culpa é da humanidade… e a verdade é que nunca o deixou de ser, somos a “suprema” raça parasita que saqueia o planeta terra até que não existam mais recursos nem meios de sobrevivência disponíveis, por nossos artifícios e vis maquinarias da atrocidade evolutiva, florestas inteiras são dizimadas e animais são torturados e executados dos modos mais sadistas que possamos imaginar. Deste modo se pratica diariamente uma chacina intolerável com pretextos económicos obsoletos, somos os instigadores da banalização destrutiva que permite aos sanguinários capitalistas conceber os seus impérios a partir dos destroços da natureza e do sangue de vítimas animais, e é ao nos conformarmos com a exploração dos recursos que passamos a ser cúmplices daquilo a que médio prazo poderá ser o fim definitivo da civilização e da vida que ainda sobrevive neste planeta debilitado.

Que o obscurantismo corporativo finde agora por meio das nossas consciências!
É essa a única arma que nos permite libertar das correntes que nos aprisionam à artificialidade, à futilidade e ao instinto cego por consumir sem remorsos, cujo alicerça a corrupta elite degenerada desta sociedade em exponencial decadência!

RESISTE CONTRA A LETARGIA… E DESPERTA DE VEZ!



A CHACINA CONTINUA

A civilização humana avança num compasso interminável, e com o seu progresso devastador de aço, cimento e alcatrão, extermina a vida para dar lugar a um futuro condenado a uma realidade mecanizada e severamente uniforme onde não existe lugar para qualquer tipo de apreço pela vida animal alheia que, por meio da conformidade cultural, passou a ser considerada como um objecto cuja razão de existência reverte-se, maioritariamente, para nosso consumo e entretenimento.
Diariamente sofremos uma exposição forçada à propaganda e publicidade, motivada pelas indústrias e seus apêndices económicos, que nos conduz a testemunhar a vida animal e o seu sofrimento com indiferença e cúmplice despreocupação, o próprio conceito antropocêntrico que sempre percorreu a civilização humana e que nos acompanha como um parasita, ergueu-nos num pedestal onde somos induzidos a pensar que é nosso o direito de subjugar a natureza generalizada por sermos os ditos detentores de um racionalismo invulgarmente desenvolvido, que nos atribui a aptidão de sermos a suposta raça superior que escraviza, explora e subordina todas as manifestações de “vida inferior”. Sendo assim, o que poderíamos praticar com a nossa dita “superioridade” racional passou, com o ditar dos tempos, a acomodar-se numa degeneração onde as atitudes, acções, pensamentos e convicções reverteram-se para uma necessidade cega pela acumulação de capital, o que, por meio da corrupção psicológica causada pelo poder, obliterou os conceitos mais primários de ética cujos seriam permitidos pela habilidade de discernimento que o raciocínio abrange.

Com o decorrer da evolução social da humanidade, a organização capitalista foi assim acomodada como o modo padronizado de gerir a civilização e suas actividades, o que deturpou por completo qualquer noção de respeito para com a natureza e pela dignidade comum e individual que poderia existir. Apesar de ser um facto de que o humano pode viver autonomamente sem a dependência do consumo de outros animais, o impulso económico conduz os indivíduos e instituições que alicerçam o capitalismo a praticar a indústria que explora o obsceno sofrimento animal, mesmo apesar de terem o conhecimento dos graves atentados à ética e ao equilíbrio ecológico que esse sádico mecanismo provoca.
E em semelhante plano de vitimação encontra-se a dinâmica civilizacional, sendo que o padrão comunitário a nível humano das classes e hierarquias torna explícito que aos produtores, ou seja, aos que são reduzidos à miséria e à escravatura, não pertence aquilo que por eles é produzido, sendo que os recursos são normalmente canalizados para uma minoria ociosa e ávida por acumular gananciosamente a maior quantidade de capital sem a mínima intenção de livrar os aglomerados populacionais da sua condição indigna, apesar de terem a seu dispor os meios para efectuar esse aperfeiçoamento dos estratos sociais mais afectados.
Sendo assim, uma óbvia conclusão se retira da actividade humana presente: O capitalismo, assegurado pelo autoritarismo e pelo poder, corrompe a sensibilidade individual para com as situações de miséria massificadas. Sendo que o capitalista, já degenerado pela cegante cobiça, atingiu tal estado de egocentrismo que deixou de possuir a capacidade de se inquietar com o sofrimento e os extremos malefícios que as suas actividades produzem, criando assim, em seu torno, um império rodeado de caprichos e excessos exclusivos à elite que partilha semelhante despreocupação e ousadia de desfrutar das suas tão preciosas superficialidades e cúmulos consumistas em simultâneo com o descontentamento populacional que, contudo, não pertence ao seu território protegido por absurdos exageros. Na batalha capitalista, os meios aliam-se às finalidades do modo mais perverso possível e, para a consciência dos “excelsos” monopolizadores, não existe modo mais eficaz de acabar com a culpa proveniente da excessiva produção de miséria que exclui-la da realidade em que se existe, afastando-a dos domínios governados pelos praticantes acérrimos do capitalismo, cujos são os únicos beneficiadores da tragédia por eles causada que é, portanto, o financiamento do sofrimento de terceiros e da destruição ambiental para que se possa levar a cabo uma vida apática e indolente, drenada dos mais básicos princípios de consideração pelo indivíduo comum e pela natureza, onde a única finalidade seja talvez a ainda maior acumulação monetária, o que, devido ao mecanismo maligno e pestilento que essa constitui, causa uma interminável degeneração a todos os níveis possivelmente imagináveis.
Temos a infelicidade de ser esta degenerada elite submersa na ganância que monopoliza os recursos como despojos de uma suposta guerra contra a natureza que o capitalismo venceu, o que afasta qualquer tipo de coerência na sua gestão e utilização; o ímpeto é de praticar um festim ao consumo e explorar, ao mais extremo nível, toda a matéria contida no planeta como se esta não tivesse limites, para assim existir uma acumulação de lucro por entre os “auto proclamados” imperadores do planeta terra e sua criação adjacente, que é tida como um monopólio da teia económica. Por fim, a toda esta actividade pestilenta atribuiu-se o nome de “evolução” e “desenvolvimento”, para que os vitimados não tentassem boicotar o sistema que os conduz ao seu descontentamento e à sentença letal do planeta terra, formando aglomerados programáveis e conformados… primeiro o controlo, e só depois o domínio.
Deste modo se consomem e destroem os solos férteis onde habitavam outrora inúmeras espécies animais e vegetais numa relação de plena harmonia com o seu meio ambiente, e obviamente que com o imparável movimento da actividade proveniente da acumulação capitalista nem mesmo os seres vivos capazes de sentir sofrimento tanto a nível físico como psíquico são poupados a uma exposição de atrocidades lastimáveis e mecanicamente amorais. Tendo em conta que a ganância não tem olhos para assistir às chacinas por ela praticada, progride, marchando para territórios tidos como inimigos, apoiada pelo seu exército de cérebros robotizados e ansiosos por aniquilar qualquer réstia de naturalidade que encontre pelo caminho, dando lugar à conquista evolutiva que assim se propaga, semelhante a um parasita que destrói tudo em seu redor para que possua a maior quantidade de alimento acumulável.

É ao se substituir a natureza pela cidade e pela indústria em constante crescimento exponencial que as comunidades animais se vêem forçadas a refugiarem-se nos domínios artificiais e urbanos com o intuito de procurarem algo que lhes permita a sobrevivência, porque foi-lhes roubado e extorquido os terrenos naturais que antes lhes pertenciam e lhes permitiam existir recorrendo aos recursos ai existentes, que actualmente são ou destruídos ou mantidos de tal modo a que o humano seja o seu exclusivo utilizador.
E face este facto, a última atitude que podemos praticar é a expulsão da vida animal dos nossos ditos “domínios”, não é justo que seres vivos sejam executados, expulsos ou simplesmente excluídos pela simples razão de não obedecerem às necessidades impostas pela sociedade contemporânea; teremos, assim, de ser insubmissos para com a extrema letargia das massas, e apoiar a libertação animal em todos os sentidos, permitir-lhes uma vida que passe pelo direito de existir em dignidade, porque somos nós os culpados da sua miséria, da destruição dos seus habitats, somos nós os verdadeiros instigadores do sofrimento insensível e degenerado que percorre as mentes ávidas pelo consumo e pela evolução imponderada da humanidade que não é, de modo algum, uma demonstração da sua capacidade criativa, mas sim o reflexo do instinto destrutivo decorrente da ávida necessidade para “prosperarmos” de tal modo que sejamos a raça superior, a espécie dominante que possui o poder de subjugar e de construir um império onde toda a criação da natureza é forçada a uma escravidão que obedeça à ânsia humana de absurdo consumo excessivo.
Esta crescente proliferação da máquina capitalista cega-nos com a avareza, e assim prossegue destruindo e torturando sem que os indivíduos tenham sequer a oportunidade de se aperceberem do intolerável sadismo praticado nos seus calabouços de extermínio, o obscurantismo das corporações oculta-nos as realidades das suas práticas, não nos cabe a nós sequer ponderar, quanto mais questionar, deixamo-nos moldar como autómatos programáveis, as elites corrompidas usam-nos como ferramentas que por meio da robotização e da oferta de produtos que sugiram uma maior satisfação letárgica nos tornam em instrumentos que acima tudo alimentam compulsivamente esta situação insuportável. Somos adormecidos pelo consumo, vivos porém sonolentos, máquinas inertes sem significado nem convicções próprias, vítimas da sociedade e seus pseudo moralismos cujo verdadeiro intuito é o de nos acorrentar para que assim não tenhamos ideias nem acções que permitam sabotar o sórdido sistema de extermínio, no qual estamos aprisionados pelos bastardos sanguinários que lucram à nossa custa e com a destruição do planeta terra.

A nossa evolução biológica atribuiu-nos a capacidade de discernir, usando o raciocínio como intermediário, o que está correcto e o que simplesmente não o está; chegou o momento de começarmos a costumar essa capacidade para uma maior coerência em torno da natureza que nos rodeia, e se um simples animal “não humano” não possui a aptidão de compreender que é possível assegurar a sobrevivência sem que para isso se submeta outras espécies animais ao sofrimento, então somos nós, como possuidores da faculdade do raciocínio, que teremos de ter a iniciativa que nos permita contornar a quase mecanização do sofrimento, e que se tornou numa banalidade lastimável à qual culturalmente temos vindo a ser habituados, para que se finde a imensa atrocidade que só descortina o próximo “passo evolutivo”, a transmutação do antropocentrismo num perigoso estado mecanocêntrico, onde a robotização das nossas consciências anula qualquer valor ético que existe ainda a conter a vontade cega de evoluir sem que com isso se pondere nas consequências.
Progressivamente avançamos para uma situação de artificialidade crescente, de mecanização do nosso quotidiano e das nossas vidas, os fúteis produtos a que, sem escrúpulos, nos submetem diariamente induzem-nos a atribuir um valor excessivo e mordaz aos impulsos de obter objectos e situações efémeras que são produzidas pelas imorais indústrias que monopolizam os recursos naturais, e que os usam, sem remorsos, até à escassez.
Como tal, os recursos em geral são obviamente explorados de um modo, na sua totalidade, incoerentes, e não deixa de ser um facto de que se tem vindo a notar uma maior consciencialização conjunta das populações de acordo com a temática ecológica, porém, o sofrimento animal proveniente da sua produção e de grande parte das actividades humanas sofre de uma despreocupação e desinteresse inquietante, a acomodação cultural que as indústrias aproveitaram para benefício comercial perpetuam os mitos sobre uma alimentação (sendo a industria alimentar a mais enraizada em termos de costumes) que não se baseie no consumo de animais, ocultando as realidades sobre o genocídio decretado pelos ditadores da cobiça a quem não pertence qualquer réstia de sensibilidade, sendo que por sua ordem e se de facto isso continuar a representar algum lucro, continuar-se-á com o extermínio até que a última vítima da ganância tombe morta.
A solução para este problema está dentro de cada um de nós, individualmente teremos de acabar com a visão antropocêntrica da humanidade, mas não para uma ausência moral dominada pela robotização, as nossas consciências não podem permitir que os abusos prevaleçam, é impensável e ilegítimo que tenhamos chegado a este plano de desenvolvimento e que ainda consigamos, como unidade, tratar da vida animal como se fosse um objecto inanimado que existe somente para obedecer às nossas necessidades (e que por ventura são facilmente contornáveis) criando campos de extermínio em série onde se inserem o maior número de seres vivos possíveis, em condições atrozes, para se manter o rumo da produção e da exploração a partir da vida animal, abusando do seu sofrimento para que as populações se mantenham alienadas com a “tradição” sangrenta de uma cultura em decomposição.
A indiferença das pessoas para com esta temática auxilia as máquinas corrompidas da ganância, não havendo esforços que permitam uma consciencialização, tanto dos praticantes como consumidores da morte animal, manter-se-á a produção excessiva de sofrimento, e, tanto a nível ecológico, ético como em termos de saúde pública, a prática da indústria que beneficia da morte é absoluta e totalmente insustentável.

De um modo bastante simplificado facilmente se comprova este argumento, sendo que a quantidade de 1350 kg de soja e outros produtos vegetais variados, em termos estatísticos, possibilitariam a sustentação de 22 indivíduos humanos, enquanto que, por meio da produção forçada de gado, essa precisa quantidade daria para alimentar um único indivíduo humano, o que suporta o facto de que a níveis produtivos a manutenção da indústria da morte provoca a escassez de recursos e terrenos cujos se fossem canalizados para uma alimentação vegetariana da população humana, daria um sustento coerente de um maior número de pessoas, para não citar outros bens naturais tais como a água, que seriam mais congruentemente rentabilizados caso não fossem dirigidos para a indústria de produção animal.
Também é tido como facto de que a produção animal, devido à procura de grandes extensões de terrenos aráveis, é uma das principais causas para a desertificação de solos, destruição de florestas e extinção de outras espécies selvagens, esta última pela tendência de se homogeneizar, em determinado território, uma certa espécie única a ser produzida. A consequente e insustentável concentração de animais que são mantidos numa área isolada provoca também a erosão excessiva do solo e perda da sua fertilidade, o que é obviamente preocupante para o uso futuro desses terrenos, já que os torna inviáveis de se restituir num “berço” para novas populações vegetais e animais que ai se poderiam fixar. Outro flagelo preocupante decorrente da actividade de produção animal é a emissão insubsistente de resíduos e dejectos que, devido à sua quantidade excessiva, polui os leitos de água onde são despejados, afectando várias localidades. Em termos comparativos, uma criação comum de suínos produz tantos excrementos quanto uma cidade com 12 mil habitantes, e a quantidade de água necessária para manter uma pecuária é também abismal, sendo que, por exemplo, um único boi, consome diariamente 35 litros de água.
Contudo, as indústrias desta índole atentam não só contra o ambiente mas também contra a saúde das populações, as carnes que se insiste em consumir são bombas químicas impregnadas de produtos inseridos nestas vítimas para a indução do seu crescimento prematuro, dos quais se citam uma série de hormonas e antibióticos que são um risco extremo para o consumidor. A opção vegetariana, ou mesmo vegana (se bem planeada), permite uma substituição nutricionalmente equilibrada que chega até a prevenir uma quantidade imensa de doenças, facultando grandes benefícios na saúde de cada um de nós. Ao contrário do que é afirmado pelos mitos que se perpetuam nas sociedades onde o sofrimento induzido dos animais é uma constante, o abandono do consumo de carne e seus derivados não constitui, de modo algum, uma carência alimentar, o regime vegetariano permite uma substituição coerente de proteínas, vitaminas e nutrientes cujos não se limitam à carne animal, o que valida o facto de que o “consumo de cadáveres” é um mero capricho sanguinário com interesses económicos.
Mas o argumento vegetariano não se extingue nas questões ambientais ou de saúde, há que ter em conta também a vertente ética desta opção de vida (que não se limita à alimentação), seres vivos que sentem a dor e a angústia de sofrer não merecem existir em tais condições, não merecem ser cobaias de experimentações desprovidas de qualquer sensibilidade, não merecem ser meros objectos descartáveis das indústrias que os exploram, não merecem ser fabricados para que a nossa espécie dita “racionalmente superior” possa usufruir daquilo que o seu sofrimento e a sua morte oferecem involuntariamente. Esses são seres vivos que possuem consciência, e que, tal como nós, temem pela sua vida e sentem a pressão do que é encontrarem-se numa situação em que conseguem deduzir que irão ser mortos e torturados, mantidos em condições imorais (cujas não se limitam somente ao momento da sua execução, mas sim no decorrer de toda a existência desde o instante em que nascem), em prol do consumo e da acumulação capitalista dos que promulgam essas situações.

Como tal, é nosso o dever de manifestar, e de, acima de tudo, mudarmo-nos a nós primeiramente, demonstrando para o exterior a força imensa que é restabelecer a libertação à vida animal, assim, unidos, lutando pela dignidade que todos os seres vivos têm o direito de possuir, porque a vida não é um monopólio que possa ser utilizada para o consumo e entretenimento da civilização humana e para a acumulação monetária dos que lucram com a morte e a tortura!

– Bruno F.

ARMAGUEDÃO INDUSTRIAL


Presentemente a raça humana é vítima de um fenómeno chamado industrialização que proliferou e profanou a nossa existência e pôs um termo na relação entre o homem e a Natureza. Este fenómeno tem vindo a expandir-se até pontos nunca imaginados antes. Hoje em dia este avanço é natural, quase que quotidiano e pouca gente consegue ter a sensibilidade para notar que ele está a acontecer. Hoje em dia quase tudo é possível graças à indústria. Será isto verdade? Creio que não. A indústria é apenas uma maneira mais fácil de empacotar em faixas etárias, modas e estilos, maneiras de pensar, religiões e etc. em grupos sociais criando objectos para os mesmos e massificando as pessoas de certa forma (nem que seja em grupos minoritários). A industrialização deu origem às modas e às tendências e à consequente abolição de um toque pessoal num objecto pessoal. De certo modo facilitou muito o nosso trabalho mas ao mesmo tempo acomodou-nos para podermos viver nesta era de movimento e stress incontroláveis.

O Armaguedão Industrial já havia sido profetizado anteriormente em 1909 por Filippo Tommaso Marinetti no Manifesto Futurista, embora não em proporções tão gigantescas como o podemos ver hoje em dia às portas do séc. XXI (além de que Marinetti defendia o avanço tecnológico de um ponto de vista Futurista, mas penso que ele só o fez tendo em conta que estava a haver um “bang” do mundo industrial. Marinetti defendeu uma industrialização primordial, não sabendo até onde ela iria chegar). Maioritariamente o ser “humano” não questiona a industrialização pela sua afeição perante algo que lhe facilita imenso a vida muito movimentada que vive mas que simultaneamente não lhe dá tempo para viver.
As pessoas movimentam-se, trabalham, comem a fast-food á pressa, voltam novamente para o trabalho, vão para casa e fazem as lides num ritmo alucinante que sem repararmos “stressa” o nosso interior e nos envelhece precocemente para ajudarmos a desenvolver uma sociedade que não leva o indivíduo a lado algum senão à morte da sua identidade pessoal para a qual ele não tem tempo sequer para pensar, senão nos fins-de-semana em que mesmo assim às vezes é chamado para ir trabalhar para que esta sociedade continue a avançar para um destino bem conhecido entre nós, a Morte, o fim inevitável. Pois numa sociedade onde predomina a pressa de viver, os empurrões e o sufoco dentro de um transporte público atafulhado de pessoas, também com pressa, até aos fins de semana é possível ser-se chamado quando supostamente se deveria estar a descansar e a dedicar tempo ao seu espaço e à família.
Com o aparecimento do carro (um comodismo que é também um meio de afirmação pessoal, como se certas pessoas fossem - alguém) as nossas vidas ficaram facilitadas para nos deslocarmos num tempo razoável para onde queremos, e cada vez mais o carro irá evoluir para mais rápido, melhor e mais seguro. Mas é o carro um bom meio de transporte? É e não é. Podemos abordá-lo de duas maneiras, numa resposta curta e simples. Ambientalmente o automóvel tem o seu impacto e se todas as pessoas tivessem um a libertação dos gases que os mesmos libertam seria uma ferida considerável no mundo, e começa a ser, por mais que digam que a tecnologia avança para que os motores sejam mais ecológicos e também mais económicos. A contrabalançar no outro lado posso dizer que, o carro é de facto cómodo e apenas existem duas referências óbvias: o ponto de partida, e o ponto de chegada. Visto que já não dá para apagar os erros ambientais e no que respeita à sua deslocação pessoal que o homem fez, a única solução a um curto alcance da minha vista seria investir em transportes públicos ecológicos com base na electricidade, complexificando linhas e aumentando o número de veículos públicos a circular para que mais pessoas pudessem usufruir dos mesmos de forma cómoda e confortável. Isto seria uma boa ideia se eu não achasse que certas facetas da indústria como os transportes são más e nocivas para o atrofio físico e neurológico de um indivíduo.
Os transportes tornam as pessoas vegetais, quase como robôs autómatos, livres de um espírito e sem vontade própria, pois os transportes impõem horários, a consequência da repugnante sociedade actual em que vivemos em que tudo tem de ser cumprido porque se isso não acontecer irá sobrar para nós e o colega do lado (a máxima “Por um, pagam todos.”). E é mesmo este factor que quero frisar. A sociedade evoluiu de tal maneira de modo a se criar uma teia extremamente resistente e inquebrável mas da qual é possível nos abstrairmos (e acredito que dificilmente escapar) através das mais diversas formas que deturpem e choquem o moral e o ético que metem um termo ao campo de acção do homem como indivíduo. O que é a sociedade senão uma teia bastante complexa?

O homem é livre de criticar a sociedade, o meio onde vive. O homem é livre de criticar sem ter votado, pois o homem possui uma voz e a própria atitude do “não votar” já é uma forma de expressão que consequentemente lhe dá o poder da crítica (embora este não votar seja visto como um “não se expressou”, eu vejo-o mais como um “não gosto de nenhum de vós, vou-me cagar para vocês”). Curiosamente somos obrigados a estar recenseados e a votar, a expressar a nossa opinião nula contra a sociedade que nunca irá mudar para melhor. Que fique sabido: eu acredito que a partir de agora será sempre a descer, quer queiram quer não. Contudo acho que está na hora da Mãe Natureza punir o homem pelos seus atentados, está na hora de os animais se tornarem mais ferozes e de se afirmarem perante esta “humanidade” podre que aos poucos e poucos vai evoluindo e tirando espaço para que a fauna e a flora tenham um crescimento saudável e harmonioso. A pouco e pouco caminhamos para um planeta totalmente “humanizado”. Eu sei qual é o próximo passo – é um planeta mecanizado. Escravizado por computadores em autogestão, pelos ruídos frenéticos que fervilham nas fábricas e pelos sopros de morte emanados pelas suas chaminés.

A raça humana está a acabar mas antes da sua inevitável extinção terá de assumir os seus erros, ajoelhar-se perante a Mãe Natureza ancestral e pedir um último perdão pelos danos causados pela sua evolução desenfreada, consequência do capitalismo que a sustenta impiedosamente sem ligar a consequências, porque, hoje em dia é “o hoje” que interessa e não “o amanhã”, porque no fundo todos nós sabemos que não irá nascer “um amanhã” radiante, mas sim trevas anunciadas por nós que irão tomar lugar neste mundo.
Defendo que a humanidade precise de parar no tempo antes de dar um próximo passo, porque cada vez mais os próximos passos se tornam cada vez menos e cada vez mais decisivos. Precisamos de parar, precisamos de pensar, e de parar para pensar para que não sejamos comidos pela nossa criação. Afinal de contas, nós somos deuses (não é verdade?) e jamais nos conformaríamos em nos deixar escravizar pela nossa própria criação. Infelizmente não é assim que funciona pois o que não faltam são métodos atenuantes e mesmo anestésicos injectados nas mentalidades dos “humanos” através dos “mass-media” para que continuem a ver horizontes sem obstáculos e/ou problemas, onde de facto eles existem, ocultos, e apenas podem ser vistos pelos olhos dos que têm a luz e sensibilidade para os ver.

– Pedro E.

A IGREJA É UM VENENO

Todas as manifestações religiosas apoiam-se em especulações sem nenhuma prova factual, derivantes do instinto que o humano possui para explicar aquilo que lhe é inalcançável e “superior a si” de um modo precipitado, devido à óbvia limitação do conhecimento. É através dessa estratégia que lhe é facultada uma situação de falso conforto, impondo o fim do terror e do medo de se encontrar rodeado pelo “desconhecido” e pelo não palpável. A igreja é o local onde, por excelência, se prolifera essa doença da religião, a praga degenerativa que contagia os seus frequentadores.

A igreja manipula a fé das pessoas, explora a necessidade humana de obter o conhecimento do modo mais imediato possível, fazendo-as crer numa falaciosa e inexistente concepção de “identidade superior”, ou deus, com o intuito de acumulação capitalista, abusando do roubo explícito das posses dos crentes.

A igreja monopolizou a imagem de um “messias salvador”, Jesus Cristo, absurdamente mistificado através dos falsos escritos da bíblia, para atrair a população incauta a se dirigir ao seu antro de hipocrisia e extorsão disfarçada.

Ao se frequentar a igreja, está-se a beneficiar a instituição que mais letargia provoca no cerne da sociedade humana, e está-se da mesma forma a contribuir para a manutenção de ideias obsoletas e estagnadoras que, e por meio de concepções abstractas e inexistentes, nos mantêm amordaçados pela repressão metafisicamente autoritária, removendo-nos as réstias que ainda possuímos de autonomia do pensamento!
A IGREJA TEM DE ACABAR, AGORA!



SISTEMA EM DECOMPOSIÇÃO


Observa a democracia, distribuindo a liberdade que rasga os céus até ao seu alvo num local de futuros destroços, ruínas e cadáveres, olha para cima e depara-te com o magnífico exemplo de altruísmo que as nações lançam contra os indivíduos pertencentes a populações que, pelo simples facto de se encontrarem fora de fronteiras imaginárias, têm de receber de braços abertos com uma rajada de destruição eminente a que eles chamam de “luta pela paz e pela harmonia mundial”.
E assim os falsos fundamentos igualitários explodem ao caírem nos territórios inimigos, as bombas que vieram trazer a bonança fragmentam-se no solo e as marés de Napalm deixam no ar o insuportável cheiro a carne queimada que entope as narinas dos que se escondem nos escombros de edifícios tombados sob os solos deste inferno.
O silêncio da morte e do terror é meramente momentâneo, rapidamente se inicia um ruído de cadência vagarosa que anuncia a contagem decrescente para o fim da vida dos últimos resistentes vitimados pela cobardia. Eis que se aproxima a marcha compulsiva dos soldados que vêem trazer a paz sob a forma de balas, nada se pode fazer contra um exército de robôs humanos comandados pela alienante propaganda patriótica que foi directamente injectada no cérebro que nem sequer lhes pertence, a nação da qual são originários tomou posse das suas ideias e ensinou-os a transformarem-se em máquinas de aniquilação que cobrem os olhos enquanto decretam o sofrimento com as suas armas. As paredes inundadas de sangue e os ossos aleatoriamente espalhados por entre rochas e crânios desfeitos são indiferentes para os cavaleiros do apocalipse que semeiam a destruição à sua passagem, a guerra passou a ser um produto da banalidade, vislumbrar o mundo pela mira de uma arma e considerar as pessoas que aparecem no caminho como alvos a serem abatidos é agora obra do quotidiano mecanizado.

Deste modo vítimas civis são forçadas a se sacrificarem para que se mantenha o egoísmo das elites que anseiam pelo domínio do que existe para além das barreiras que delimitam o seu território, e enquanto isso os sobreviventes vêem-se forçados a caminhar sob o pós-guerra por entre os escombros e os corpos falecidos que pela dádiva imperialista foram incinerados e mutilados. São estas as testemunhas do resultado de um sistema falido que se mantém por ordem de líderes megalómanos e egocêntricos, únicos beneficiadores dos conflitos cujas depravadas acções e mentalidades se mantêm ocultas sob um manto de hipocrisia e manipulação das maiorias reprimidas por grilhões de dogmas e leis que nos silenciam e nos levam a ser propriedade de bastardos sem escrúpulos que tornam a guerra na inevitabilidade da defesa de um conceito inútil a que se denomina de pátria.

A sede pelo poder corrompe grande parte dos desprevenidos, o que numa sociedade humana é algo perigosamente contagiante. O sistema democrático limita-se a espalhar essa epidemia pelas mentes do povo (não o poder em si, mas sim a simples noção de que esse conceito abstracto existe a uma distância considerável) para que assim se possa fundamentar as hostilidades armadas e os padrões hierárquicos que na realidade são a origem da maioria dos “atentados sociais” dai decorrentes.
As elites detentoras do autoritarismo corrosivo usam máscaras que se aliam à coerção estatal para disfarçar as suas verdadeiras intenções, pregam por uma panóplia idealística que promove o contentamento das populações, controlando-as, quando o seu verdadeiro desejo é o de dispor do esforço e trabalho de terceiros escravizados que constroem e mantêm o seu império alicerçado com o suor, o sangue e as lágrimas de inocentes que foram condenados a uma existência de exploração por terem tido o infortúnio de nascerem nesta sociedade apodrecida e anacrónica de costumes.
Este sistema está corrompido na sua totalidade, infestado por sádicos que iniciam guerras entre nações para que as indústrias se movam e assim se consiga acumular riqueza por entre os líderes das pátrias. Os indivíduos do povo não passam de mártires revertidos para uma causa da qual nunca tirarão qualquer tipo de proveito, o Estado cospe-nos em cima a vida inteira e cataloga-nos por números, mas quando chega o momento de mais uma guerra chama-nos pelo nome porque necessita de pessoas que possam segurar nas armas que vitimarão os habitantes sufocados por um estandarte manchado de sangue.

Se queremos prevenir a autodestruição do planeta terra e da humanidade, teremos de fazer esforços imediatos para que esta situação acabe, é nosso o dever de não dar ouvidos à propaganda enganosa de fortalecimento nacional ou capitalista, isso não passa de engodo para atrair os incautos aos territórios que foram declarados como inimigos, para que com isso se monopolize os recursos de uma outra pátria cujas intenções são idênticas, se não precisamente as mesmas…
O Estado confunde propositadamente a ordem com a coerção, utilizando a primeira como uma desculpabilização para aplicar a segunda. A maneira como este se dispõe implica que se estruture um apoio de organização vertical desnecessário para que a desordem não se instale na sociedade (quando este é precisamente o causador da miséria que conduz à inevitável desordem), obtendo por este meio um fundamento que permite ter a seu dispor uma força autoritária que controla as populações pertencentes às classes inferiores.
Ninguém tem o direito de declarar um humano como sua posse e de usar a nação, a economia ou mesmo a religião como um pretexto que torna legítimo esse domínio. Enquanto existir essa soberania estatal invocada no conformismo pseudo democrático, nunca ninguém será sua propriedade (excluindo os depravados detentores do poder), e nunca haverá um consenso comunitário que seja justo para o indivíduo cujo seria assim, em cooperação e autogestão com a colectividade “não hierárquica” na qual se inseria, detentor de si próprio e de suas convicções pessoais, em mútuo respeito e compreensão para com as restantes.

A CULPA É DA HUMANIDADE (CRIÁMOS A DEVASTAÇÃO INDUSTRIAL)

CAPA (TEXTO):
Este é um manifesto que, abertamente e sem dissimulações, se declara opositor do capitalismo desenfreado e da atrocidade praticada pelas industrias e, mais especificamente, pelas multinacionais, símbolo supremo da ruína globalizada.
Não podemos permitir que se mantenha a destruição exponencial da natureza nem nunca aceitaremos que se continue a promover de ânimo leve a miséria social que dai advém.

É este o modo que tenho de expressar publicamente a minha indignação para com a desordem injusta praticada por qualquer nação, demonstração de autoridade repressiva ou forma de poder subordinante, tais como os seus meios de nos oprimirem a vida e a liberdade com as suas ferramentas manipuladoras e os seus modos obscenos de alienação.

O AMANHÃ É NOSSO, E ASSIM SE CONSTRÓI O FUTURO!
PROTESTANDO E RESISTINDO!


INTRODUÇÃO

Será possível definir quantos anos regrediu o equilíbrio planetário desde que o humano iniciou a sua dita “evolução”? Tornámo-nos nos anunciadores do apocalipse, animais niilistas e indiferentes que vieram impor à ancestral natureza o seu fim absoluto.
Temos vindo a destruir imponderadamente e à nossa devastação demos o nome de “desenvolvimento coerente”, somente para disfarçarmos o parasitismo maligno que representamos. Declarámos, através do progresso, o ultimato das nossas vidas e de tudo aquilo que existe, existiu ou virá a existir, porque continuando assim nunca haverá um “amanhã”, e é com a evolução desenfreada e maquinal que enterramos o futuro, que assassinamos o planeta terra e toda a sua vitalidade de outrora.

O CAPITALISMO E A INDUSTRIALIZAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Não existe nenhuma “impunidade” económica que se erga tão destrutivamente como a instituição industrial (na generalidade), ou ainda mais especificamente, e a um nível de atrocidades superiores, a corporação multinacional, disseminadora da praga capitalista a uma escala global. São atrozes os meios usados para a acumulação monetária de “alguns”, esses, os da degeneração humana, os que batalham para que se mantenha a divisão de classes com o intuito de manter restrito o seu elevado estatuto comodista, inserido na sociedade, a custo do esforço daqueles que sustêm o peso dos detentores exclusivos da riqueza, e que em troca recebem exploração e tantos outros malefícios que os mantêm atolados nas sarjetas da humanidade. A situação actual estrutura-se deste modo, a industrialização é o principal alicerce que mantém o sufoco estatal, que sendo o grande beneficiador dessa “inesgotável” fonte económica, oferece a quem pertence o domínio monetário das industrias a possibilidade frenética de impor regras, leis e dogmas que servem para satisfazer somente aqueles que as criam em detrimento da liberdade do indivíduo comum, infligindo um domínio autoritário praticado para abusar do esforço alheio, do trabalho de terceiros.
Porque é assim que a sociedade contemporânea se organiza, privilegia os que detêm posses materiais, oferece protecção aos déspotas da degeneração económica e industrial, é-lhes permitido usufruírem da sua situação egocêntrica, praticando, de um modo absurdo, o esbanjamento de dinheiro, vil metal e papel, em tais fúteis inutilidades demonstrativas do objectivo de se revelarem como os “superiores”, os que possuem poder, e como tal, que têm a capacidade de subordinar uma mancha de pessoas à qual não é dada, em troca do seu suor, a possibilidade de traçar um caminho que passe pela dignidade, a quem nunca se ofereceu, sequer, a escolha de sobreviver em harmonia, de usufruir da vida, sem repressões, sem autoridades tirânicas, sem a necessidade de opressão causada pela desmotivadora importância atribuída ao estatuto económico, à hierarquia da desordem e do sofrimento.

Como pode alguém aceitar o abominável desrespeito praticado pelos enganadores totalitários do capitalismo, que limitam o direito de liberdade individual a uma qualquer noção mercantilista de bem-estar? Como pode alguém sequer existir numa comunidade contemporânea ocidentalizada, tendo a noção, e em consciência limpa, de que o sistema actual exclui, julga e condena todo o indivíduo que opta por viver independentemente de classes hierarquizadas, em gestão autónoma perante um respeito mútuo entre seres vivos e natureza ambiental em geral? Como pode ainda haver o conformismo estabelecido da desorganização estatal, sabendo que as sociedades mais desenvolvidas e capitalistas (que se acomodaram a esse dito sistema político, e semelhantes), representativas de uma parcela mínima de 20% da população global, extorquem para seu proveito e beneficio próprio 80% dos recursos naturais disponíveis, valor esse que ultrapassa em muito as necessidades básicas e essenciais de uma sociedade equilibrada e realizada? Como é possível que se esqueçam os actos de destruição e morte causados pelos líderes hipócritas de nações imperialistas, que optam por instigar guerras e lançar o terror entre as fronteiras e entre as ideologias, de modo a ocultar o verdadeiro propósito de acumulação capitalista, através da actividade dos sectores de produção bélica e do extravio de matéria-prima que, por conseguinte, possibilita a aquisição desse capital? Que mais explícitos factos poderiam ser apresentados que não estes? Porquê a reverência crescente, porquê o comodismo e a falta de acções/informações revolucionárias no sentido anti-capitalista e a sua subjacente adesão?
A nova era chegou, e a realidade é que já não são somente as nações que podem possibilitar o sofrimento com seus exércitos de cérebros robotizados, com as suas forças de autoridade repressora e com as suas decisões estatais que lá vão perpetuando as divisões no seio da sociedade. Agora, quem está no patamar superior das máquinas opressoras do capitalismo, e principalmente das multinacionais, torna-se imperador reaccionário das pessoas, domina a natureza, é-lhe atribuído o estatuto de proprietário (indigno) de tudo aquilo que aniquila ao desrespeitosamente usar. Sem barreiras nem fronteiras que se oponham à acumulação de lucro, as industrias estabelecem uma produção que seja o mais rentável possível, mesmo que isso signifique, e em modo de exemplo, que se construam campos artificiais de extermínio onde os animais são mantidos e tratados como objectos inanimados, onde são “fabricados” em série para obedecerem às necessidades imponderadas de uma população consumista que foi precisamente remetida para o foco da rotina quotidiana, de modo a que não exista tempo ou possibilidade de se ponderar na possível alteração de valores apodrecidos e degenerativos, população essa dividida e robotizada pela propaganda incitadora ao consumo fútil que proporciona uma satisfação efémera e supérflua, fornecida pelo pântano das corporações e seus monopólios (enquanto que, e simultaneamente, noutras civilizações ou comunidades afectadas pela máquina capitalista, pessoas morrem num compasso interminável, devido ao facto de não terem à sua disposição as necessidades mais básicas para a sobrevivência, tais como o alimento e a água potável). São os membros da população alienada as marionetas reprimidas e famintas por obterem os produtos que têm a marca do sangue, da desigualdade e do sofrimento, tal como do afastamento exponencial entre os pobres e os ricos, que absorvem a falsa noção de que a existência social de cada um só adquire importância e significado quando se mergulha na eterna competição materialista.

Eles temem-nos, a nós que não aceitamos os seus padrões, e assim nos controlam numa tentativa de nos acorrentar ao consumismo, amordaçando-nos quando erguemos os punhos e gritamos palavras de contestação, de verdade libertária! Somos nós a mudança, inspirados pelos ruídos da revolução, movidos pela emotividade que emanam de manifestos apaixonados e eloquentes, pelas vociferações enraivecidas de mais uma voz inconformista, cada indivíduo é uma força mais que necessária, é uma força essencial e motivadora para que se altere a conturbada situação actual, para que sejam desmascaradas as práticas obscuras e ocultas do capitalismo. Eles usam o medo e o terror para que todos pensem que a única realidade possível é aquela mantida pelo capitalismo desenfreado, e que os inconformistas são meros agitadores, vândalos ou marginais frustrados sem causa e sem razão de contestarem, transformam e deturpam as nossas palavras e acções em “ímpetos” inadaptados e niilistas, usam os meios de comunicação para acomodarem as mentes das pessoas à manutenção do seu poderio e domínio… eles, os causadores do desaforo, eles, os manipuladores que verdadeiramente destroem, que criam campos de cultivo intensivos e colossos grotescos de aço e fumo, de progresso obsceno, destruindo e poluindo vastas e sublimes florestas, intermináveis bosques que respiravam outrora vida em abundância, habitats de incontáveis espécies animais e vegetais necessárias ao equilíbrio planetário, e que são assim tão cruel e prontamente dizimadas, extintas, esquecidas em nome do capital. São eles também que usam químicos e pesticidas extremamente nocivos, não só para a natureza mas também para a saúde dos consumidores, em escalas avassaladoras que demarcam a artificialidade da nova era, somente para que se satisfaçam os caprichos do consumo, injectados directamente na fraqueza das elites perigosamente homogéneas e conformistas!
É necessário que se compreenda, as multinacionais usufruem da globalização, impondo ao povo que isso é algo positivo para todos, para a “gente comum” e necessitada, quando o único privilegiado é o detentor de riqueza, e o único factor globalizado torna-se a miséria e o empobrecimento generalizado, enquanto que os lucros, por iniciativa dos instigadores ao holocausto, nunca serão justamente divididos, e irão manter-se nos cofres e nos bolsos daqueles a quem só falta rebentarem pelas costuras de tanto capital que possuem, ou que serão tão simplesmente investidos em tantas outras extravagâncias obstinadas, obscenas e vergonhosas.

Acabemos, aqui e agora, com o capitalismo frenético, ou façamos esforços imediatos para que esse seja, no mínimo, controlado, ponderado! Não estou a pedir para que retornemos a um cenário de civilização primitiva, não vejo propriamente que a solução seja regredirmos de tal modo o nosso conhecimento e a nossa mestria ao ponto de voltarmos a ser uma sociedade selvagem e meramente instintiva, mas não deixa de ser um facto que a actividade industrial necessita crucialmente de ser minimizada a larga escala. Não deixemos que a propaganda alienadora nos leve a consumir sem pensar, sem necessitar, optemos preferencialmente pelos produtos que não abranjam corporações multinacionais, ou tanto quanto possível, sejamos nós os produtores daquilo que compõe a nossa sobrevivência! Temos de ser nós a impor o fim desta praga que, e não a tão longo prazo, irá dizimar toda a espécie animal e vegetal, poluir a água, os solos e o ar atmosférico, de tal modo que será impossível respirar por meios naturais, entre tantas outras atrocidades inimagináveis, porque é assim que se delineia a destruição eminente do planeta terra. Temos de ser nós a voz da contestação, pois só no momento em que se avizinhar a sentença irremediável da destruição é que as corporações, e seus ímpios proprietários, se aperceberão que o dinheiro não se come nem se bebe, nem produz oxigénio nem servirá para mais absolutamente nada a não ser sobras de uma humanidade que teimou em avançar no seu conhecimento só porque podia e porque tinha os meios para isso, não ponderando os malefícios irremediáveis da sua tremenda e grotesca cobiça.

CONSUMISMO - A LETARGIA HUMANA

A sociedade humana contemporânea mutila-se a si mesma e a tudo aquilo que a rodeia, parece que tem um prazer mórbido em destruir as consciências e em anular as ideias tornando todos os indivíduos em corpos mecânicos descartáveis, máquinas que em cumplicidade alimentam outras máquinas superiores a si na sua devassidão e indiferença e que possuem o exclusivo intuito de perpetuar esta situação auto destrutiva de puro masoquismo que se arrasta subtilmente sem que os aglomerados populacionais se dêem conta do processo de extermínio mental a que estão a ser submetidos…

A população é usada como um mero utensílio que move o consumo por meio de técnicas coercivas e manipuladoras cujas abrangem a tentativa de se chegar aos mais obscuros e fúteis impulsos sensitivos decorrentes da artificialidade, não é muito difícil de olhar em redor para tudo o que é publicidade e cartazes e perceber que somos constantemente bombardeados com os conceitos do que deveremos achar como o ideal, o perfeito, e em última análise, o consumível. Basta estar atento ao que se passa em redor dos focos civilizacionais de maior desenvolvimento industrial para testemunhar a acção apocalíptica desses autómatos multinacionais que tornaram as cidades em campos de batalha de consumo onde as vítimas são os civis e os vitimadores são aqueles que, em cumplicidade capitalista, tornaram-se escravos já não tão humanos e cujas mentes foram sitiadas pela ganância e pela necessidade frívola de superiorização.
São esses mesmos “ex-humanos”, agora mais robôs que nunca, que nos impingem os produtos com os quais nos é prometida a satisfação, nem que momentânea ou superficial, introduzindo no meio de tudo isso um conjunto implícito de conceitos imbecilmente limitadores daquilo que é considerado, por meio de uma alienação subversiva instigada pelos estratagemas de marketing multinacional, como os objectos que permitem a cada pessoa elevar-se psicologicamente numa hierarquia fictícia do consumo, o que provoca, nos mais desprevenidos, um estado de espírito de contentamento que somente poderá ser atingido através da aquisição desses mesmos objectos ou situações… e tudo isto é, como tal, um enorme sedativo comunitário onde as populações são forçadas a centrarem os seus objectivos na alimentação e manutenção da máquina pestilenta que é o consumismo.

As consequências deste processo de lava cérebros são óbvias, os indivíduos deixam de ser indivíduos e tornam-se em autómatos inconscientes e anestesiados, cúmplices do mecanismo consumista que foi possuído por uma imprudência desprovida de sensibilidade e que vê na destruição dos recursos naturais o único meio de conseguir atingir a acumulação de lucro usando um conjunto de pretextos tal como a suposta “evolução humana”, que em última análise não é mais que a distanciação do panorama comum de “ser orgânico pensante”, porque no final de contas o pensamento é abandonado na sarjeta, cada vez mais as pessoas são desprovidas de consciência e acabam por ficarem cegas pelo pseudo raciocínio instintivo que as impinge a catapultar a subsistência comunitária, ou melhor, a sua ausência, para um plano onde deixará de ser possível vivermos, ou meramente existirmos, ou onde mesmo isso de “existir” simplesmente passará a não ter significado e importância. Quanto mais o consumo se entranhar nas mentes das populações menos espaço existirá para a consciência e para a noção de que poderemos viver sem a necessidade de artifícios descartáveis, tirando o máximo proveito de outras situações e sensações na vida que são infinitamente mais importantes que as realidades de plástico produzidas de um modo massificado e constante nas indústrias febris de alienação.


Com tudo isto, e tendo somente uma mínima percepção do que é a realidade actual, facilmente se conclui que a máquina do consumo é um ciclo vicioso que se corrói a si mesmo e que a meio prazo irá reduzir a existência humana a um acumulado robótico de indivíduos sem opinião ou vontade de independência ideológica. Os nossos cérebros, os dos humanos, são progressivamente reduzidos a fragmentos que não conseguem discernir o que é prejudicial à liberdade e a toda a situação social/ambiental decorrente da azáfama do consumo, os meios de comunicação/alienação que tão passivamente são aceites e visualizados atingem os membros desacautelados do público com horas intermináveis de uma visão fictícia e virtualmente perfeita daquilo que deverá ser a sociedade, obrigando-os assim a fazerem uma busca por essa ficção irreal na vida real, o único objectivo desses ditos robôs passou a ser o consumo, atingir a “perfeição” estética e a aceitação social… e se tudo isto não cessar imediatamente o mais provável é que acabemos por transformar toda a sociedade numa realidade fria e virtual cujos habitantes não passarão de marionetas de plástico que se limitam tão só a produzir, consumir e destruir e que no decorrer deste processo descartaram os sentimentos e os ideais, a vida portanto…

RELIGIÃO MACABRA

A todos aqueles que ainda acreditam na religião e que desse modo se acomodam aos atalhos da realidade… REALITY CHECK:

De um modo mais fantasioso ou nem por isso, a humanidade sempre teve a necessidade instintiva de atribuir um propósito à sua existência, de se superiorizar e imortalizar para além da morte física e com isso anular psicologicamente a sua insignificância quando confrontada com a imensidão do universo.
Assim surgiu a crença no metafísico, possivelmente um mal necessário para o desenvolvimento do psíquico humano e das suas culturas, mas nada fazia prever o pantanal de repressão e chacinas seculares derivantes da dogmatização dessas crenças à qual se atribuiu um único e simples nome: Religião.

O que se pode dizer dessa merda de refúgio que se encontra na periferia da lucidez e do absurdo, desse mecanismo rancoroso que se alimenta da fé dos desprevenidos que não encontram noutro lado uma maneira de dar um sentido às suas vidas mínimas e insignificantes e que assim, por esses modos, vendem a liberdade de expressão das suas consciências, algo não palpável porém existente, em troca de um lugar reservado na plateia do paraíso, que todavia não existe sequer.
Onde está o sentido da perpetuação desnecessária daquilo que reprime a nossa existência, algo que possivelmente é das poucas coisas que realmente nos pertence?
A defesa da religião e sua crença não passa de puro comodismo psicológico, que outra coisa se pode dizer daqueles que acreditam nas palavras ocas que se encontram à deriva nos credos e dogmas metafísicos que têm mais paradoxos do que morais, e cujas são, para agravar a circunstância, movidas por uma autoridade merdosa que, dizem eles, controla a nossa vida e morte?

Deus não é o bófia supremo do universo como querem impingir um certo bando de acéfalos ainda mais alienados que o comum a que se dá o nome de padres. A imagem de “tudo o que é superior” não passa de uma visão alucinatória propagada através de gerações adormecidas pela alienação que proporciona a crença em algo que lhes tirou o “fardo” da liberdade de consciência dos ombros… é um instinto derivado da natureza humana que procura sempre atalhos portanto, e assim as sociedades acorrentaram-se na opressão com o fascismo da alma…

Deus é uma droga perigosa, a igreja a sala de chuto e os crentes não passam de junkies dependentes de ideias vindas do lixo da humanidade para que ela daí não consiga escapar… as doses intoxicadas de fé são distribuídas pelos dealers clericais que, de batina e à frente do altar, perpetuam um dos maiores flagelos que já alguma vez assombrou a humanidade: O narcotráfico em forma de dogmas metafísicos, o químico manifestado através de ficções inquisidoras que enfraquecem o cérebro até à sua completa dependência e exaustão…

Ao crente tenho uma única coisa a dizer:
LARGA O DEUS, Ó AGARRADO!